Doença de Graves
A doença de Graves é uma doença autoimune que resulta em uma produção excessiva de hormônio tireoidiano pela glândula tireóide, sendo a principal causa do hipertireoidismo.
O risco de desenvolver esta doença durante a vida é de 3% nas mulheres e 0,5% nos homens.
O que causa a doença de Graves?
Na doença de Graves, o sistema imune produz anticorpos que estimulam o crescimento da tireóide e a produção de hormônios tireoidianos em demasia.
Esses anticorpos, chamados de anticorpos anti-receptor de TSH (TRAB), se ligam aos receptores do hormônio tireoestimulante gerando um estímulo constante para a tireoide crescer e liberar hormônio tireoidiano, ocasionando o hipertireoidismo.
Existem fatores de risco?
A doença de Graves é mais frequente em mulheres do que em homens. Geralmente, é diagnosticada em pessoas entre 30 a 50 anos, mas pode surgir em qualquer idade.
Além disso, os seguintes fatores estão associados a um risco aumentado do problema:
- História familiar de doença da tireoide;
- Histórico pessoal de doença autoimune, como por exemplo, artrite reumatoide, lúpus, diabetes tipo 1 e vitiligo;
- Tabagismo;
- Estresse.
Quais os sintomas da doença de Graves?
Os sintomas da doença variam de pessoa para pessoa e, frequentemente, são confundidos com outras situações, o que pode atrasar o diagnóstico.
Podemos citar os principais:
- Ansiedade e irritabilidade;
- Tremores nas mãos;
- Sensação de calor excessiva e aumento da transpiração;
- Perda de peso, apesar dos hábitos alimentares normais;
- Aumento da glândula tireóide (bócio);
- Alteração dos ciclos menstruais;
- Disfunção erétil ou redução da libido;
- Olhos proeminentes, secos e vermelhos (oftalmopatia de Graves);
- Fadiga;
- Fraqueza muscular;
- Pele espessa e vermelha, geralmente nas pernas ou nos pés (dermopatia de Graves);
- Palpitação;
- Insônia;
- Aumento da frequência das fezes (com ou sem diarreia).
Como é o diagnóstico?
Realizamos o diagnóstico da doença de Graves com base nos sintomas clínicos, exame físico e exames de sangue e/ou imagem. Assim, os principais exames auxiliares no diagnóstico de doença de Graves são:
Exames de sangue
Os anticorpos anti-receptor de TSH (TRAB) estão presente em até 95% dos pacientes com doença de Graves, sendo o principal anticorpo desta doença.
Além disso, o hormônio tireoestimulante (TSH) produzido pela hipófise (glândula localizada na base do crânio responsável por controlar o estímulo fisiológico para produção de hormônio tireoidiano) fica abaixo do valor de referência, indicando que a tireóide está produzindo hormônio tireoidiano excessivamente.
Os níveis dos hormônios tireoidianos - tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) - também ficam aumentados, na maioria dos casos.
Ultrassonografia da tireoide com doppler
A ultrassonografia geralmente mostra uma tireóide aumentada, com ecotextura heterogênea e vascularização aumentada, típicos da doença de Graves.
Cintilografia da Tireoide
Esse exame é realizado com administração de pequenas quantidades de material radioativo por via endovenosa ou por via oral.
Então, ele é captado pela glândula tireóide de forma acentuada e difusa nos quadros de doença de Graves, auxiliando no diagnóstico diferencial com outras causas de hipertireoidismo que apresentam captação focal ou reduzida.
Como é o tratamento da doença de Graves?
A doença de Graves é uma condição para toda a vida. No entanto, os tratamentos podem manter a glândula tireóide sob controle. Além disso, com o tratamento a doença pode desaparecer temporariamente (entrar em remissão).
Então, poderemos adotar as seguintes estratégias:
Betabloqueadores
Medicamentos como o propranolol e metoprolol ajudam a controlar muitos dos sintomas de hipertireoidismo.
Isso porque, esses medicamentos podem diminuir a frequência cardíaca, reduzir os tremores e controlar a ansiedade.
Contudo, os betabloqueadores não reduzem a produção de hormônios tireoidianos. Por isso, outros tratamentos são necessários para levar a produção de hormônios aos níveis normais.
Medicamentos antitireoidianos
Medicamentos antitireoidianos, como metimazol e propiltiouracil, bloqueiam a produção do hormônio tireoidiano pela glândula, sendo o principal tratamento medicamentoso para o controle da doença de Graves.
Radioiodoterapia
Neste caso, administramos o iodo radioativo em dose única via oral. Após ser absorvido pelo intestino, ele entra na corrente sanguínea e é absorvido pelas células da tireoide hiperativas.
Então, ao longo de dois a três meses a radiação destrói lentamente as células da glândula tireóide, sem expor o resto do corpo à radiação.
À medida que o iodo radioativo faz efeito, os níveis hormonais voltam ao normal. Em alguns casos, uma segunda dose de iodo radioativo pode ser necessária para controlar o hipertireoidismo.
Cirurgia
A tireoidectomia é a forma mais rápida para o controle da doença de Graves, mas é a opção de tratamento mais invasivo.
Por isso, indicamos a cirurgia para pacientes com doença de Graves associados à hipertireoidismo grave e com bócio volumoso, pacientes alérgicos a medicamentos antitireoidianos ou pacientes que não podem ou não desejam receber o tratamento com iodo radiativo.
Contudo, após a tireoidectomia, será necessário repor o hormônio da tireoide na forma de comprimido.
Quais são as principais complicações da doença de Graves?

Quando não recebe o tratamento correto, a doença de Graves aumenta o risco das seguintes complicações:
Doença ocular
A doença ocular da tireóide, ou oftalmopatia de Graves, ocorre quando o sistema imunológico ataca os músculos e tecidos ao redor dos olhos, fazendo com que eles fiquem salientes e irritados.
Assim, essas alterações podem causar visão dupla e sensibilidade à luz e, em casos graves, pode lesar o nervo óptico e levar à perda de visão.
Problemas cardíacos
Quando não controlamos corretamente a doença de Graves, o paciente poderá ter arritmia (batimento cardíaco irregular), condição que aumenta o risco de acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e outros problemas cardíacos.
Problemas de pele
Um pequeno número de pessoas com doença de Graves desenvolve pele vermelha e espessa nas pernas e pés.
Chamamos esta condição de dermopatia de Graves ou mixedema pré-tibial e, apesar de não ser dolorosa, pode causar desconforto.
Crise tireotóxica
Esta é a complicação mais grave do hipertireoidismo, representando o grau máximo do problema. Provoca lesões e falências em diversos sistemas e órgãos, com taxas de mortalidade de até 30%.
Bócio
À medida que a tireóide aumenta o pescoço parece cada vez mais inchado. Às vezes, o bócio fica grande o suficiente para dificultar a deglutição, causar tosse e interromper o sono.

Qual o médico mais indicado para tratar o problema?
O tratamento da doença é feito com um endocrinologista e, em caso de oftalmopatia de Graves, um médico oftalmologista também deve fazer parte do acompanhamento.